segunda-feira, maio 30, 2005

Perfume

Não sei quem és.... Mas tenho saudades tuas.
Saudades do teu riso, saudades das tuas palavras, saudades do teu cheiro. Ah, o teu perfume... que tantas vezes me encheu a alma de um vazio agradável e me levou a casa sem que eu visse onde colocava os pés.
Saltito de nuvem em nuvem, sem ver o precipicio para onde me dirijo. As folhas das árvores batem-me na cara de tão alto que me sinto por saber que um dia pensaste em mim.
Abro a porta do coração e grito bem alto... Enchendo o peito com o pó da nostalgia!
Já não te conheço, mas insisto em fazer parte da tua vida. Quero-te no meu albúm de recordações, para ver quando for muito velhinho e estiver só, à beira da lareira.
Já não sei quem és, mas já não fico triste por não seres quem eu achava que eras... A eternidade das pessoas é isso mesmo; é estar presente, sem estar presente! É permanecer entranhado em nós de uma forma tal que nunca muda.
Hoje saí de casa com um sorriso nos lábios. Por ti, que me fazes viver, por ti, que nunca vi, subo a calçada sem o mínimo esforço e abro os braços para te receber...
Vou guardar-te numa saquinha de cetim e pendurar-te ao pescoço. Assim, ficarás juntinho ao meu coração, aquecendo-o.
Fica mais um pouco... Fica até quereres. Eu não sou perfeito, mas também não te conheço! Vem, vem ouvir aquela música que está a dar na rádio: I'll stop the World and melt with you...


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terça-feira, maio 24, 2005

Renascer

Andando na calçada, fui enchendo a alma com este Sol maravilhoso que inunda o dia.
Apetece-me cantar, gritar e deixar voar todas as coisas menos boas que [ainda] flutuam dentro de mim, tentando arrastar-me para o fundo... Mas desta vez tem que ser a sério. Desta vez, tenho que manter a cabeça no ar e aproveitar a crista da onda para me catapultar para outro síto, outra dimensão, na qual não me preocupe com o amanhã, com o amor (ou a falta dele).
Cantarolo uma daquelas músicas de Verão que nos fazem querer voar até uma praia deserta e planar sobre as dunas. Descendo suavemente entre a brisa, pouso junto de mim e observo-me de perto. Porque não ser eu outra vez? Porque não ser, simplesmente?
Porque não me permito... Ou melhor, não me permitia... Vou deixar que os humores solsticiais se apoderem de mim, fazendo de mim um ser transbordante de energia!
Não quero ser mais uma amostra do que poderia ser... Não quero!

sábado, maio 21, 2005

Adrenalina

Apareceste subindo aquelas escadas por mim calcorreadas tantas vezes antes de ti.
Não me apercebi que eras tu… Mas parecias saber já ao que vinhas. Foi como se me conhecesses há muito e adivinhasses os meus movimentos antes mesmo de eu os pensar.
É isso que queres? És daquele género que procura atingir determinados objectivos e depois desaparece?
O teu diálogo embriagou-me mais que os finos que bebera antes… Foi como se me sentisse enfeitiçado por uma bruma voando na minha direcção e da qual não conseguia escapar. Levaste-me à certa naquela noite; soubeste falar-me ao coração, entendes?
E fui-me deixando levar… Levar para algo que sabia (e sei… ?), à partida, que não me iria deixar descansar em paz. Algo que iria mexer comigo, como se de um tremor de terra (aos quais até estou habituado) se tratasse.
Abriste-te comigo. Expuseste o teu íntimo e eu ouvi… Ouvi com uma atenção invulgar para aquela hora da manhã e para aquele lugar. Senti-me pequeno ao pé de ti, fútil, inútil… Como se a minha existência não mais fosse importante e apenas importasse carregar um pouco do teu sofrimento. Apeteceu-me cobrir-te, qual redoma, e proteger-te não sei bem de quê… Talvez de ti!
Senti uma ligação, uma ponte que nos unia de uma forma que só eu sinto e não consigo explicar. Tal como muitas das coisas que me vão na alma, esta era mais uma que não consigo pôr cá fora, umas vezes por incapacidade, outras por medo de me ferir como muitas vezes me feri por abrir o jogo…
E à medida que subia a [minha] tensão emocional, subia também uma libido inexplicável… Sempre num crescendo, fomo-nos aproximando, tocando, sentindo… Eu, retraindo-me sempre, com medo, com inexperiência, fugia do inadiável.
Senti um calor amigável nas entranhas quando os teus lábios tocaram os meus. Instintivamente, agarrei-te pela cintura e puxei-te de encontro a mim! Queria sentir-te, cheirar-te, saborear-te… Sempre com aquela “pressa” que me caracteriza.
Explorámos os corpos um do outro, enquanto arrefecíamos sob a geada da madrugada, junto aquelas frias pedras… Até que nos detínhamos sempre que o som de alguém se tornava ameaçador! Quase sentia os jactos de adrenalina a serem injectados no meu sistema. O meu coração estava na boca, mas não queria. Queria que ela fosse ocupada por ti, pelos teus lábios!
As tuas mãos sempre em sítios novos para mim… Sabias ao que vinhas!
Queria mais e mais, mas sabia que não estava preparado. Adivinhaste isso e deste-me tempo…
Rumando até casa, acompanhados pelo Sol redentor e confidente da paixão carnal, fui-te conhecendo um pouco mais… E entristecendo ante o pensamento de não te ver mais… De me fugires do peito como a presa foge do caçador. Mas entre nós, que ninguém nos ouve, a presa fui eu, não foi?!
Não me fujas… Não me deixes afugentar-te com a minha aparente “distância”…. Compreende que sou um sofredor que sente sozinho, num canto, com a sua solidão… Mas que quando dou, DOU!!! Sem pedir nada em troca, entendes?
Continua????

quinta-feira, maio 19, 2005

Soneto

Alma, que ficaste por fazer desd' hoje
na vida mais, se a vã minha esperança,
qye sempre sigo, que sempre me foge,
já quando a vista alcança a não alcança?

Fortuna que fará? Roube, despoje,
prometa doutra parte em abastança,
que tem com que m' alegre, ou com que anoje?
tanto tempo há que dei a mão à balança.

Chorei dias e noites, chorei anos,
e fui ouvido ao longe, pelo escuro
gritando, acrescentar muito em meus danos.

Agora, que farei? Por amor juro
de tornar a cantar fora d' enganos
e, por muito do mal, posto em seguro.


Fernando de Sá de Miranda

Bonito, não? Como a inspiração está cada vez mais escassa, decido dedicar um ciclo a grandes homens da Vida e do Amor....

terça-feira, maio 17, 2005

Rio...

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As gotas de dor que caem dos meus olhos engrossam este rio que, teimando em correr para jusante, me parece correr para trás. Num momento meu de rara lucidez, compreendo que sou eu quem deseja que ele meleve de volta ao ponto de partida. Uma partida que o não chega a ser, pois não há uma chegada, um destino certo a atingir.
As árvores balançam com o vento amigo e ao fundo vejo um bulício de caras, de braços, de risos e gritos... No meio de tanta gente, estou só, mergulhado em mim mesmo, tentando reconhecer-me. Mas a imagem que as águas do Mondego me devolvem é a de um outro miúdo, atormentado e triste, à beira do abismo... E quando me levanto da margem, torno-me no que sempre sou: um fingidor! Fingidor de emoções, fingidor de sentimentos, fingidor de vidas.
Ninguém compreende, ninguém pode fazer nada. Talvez porque fingem também que são outros, à espera do mesmo que eu... Não teremos, afinal, todos o mesmos desejos e anseios? Não seremos todos filhos bastardos desse AMOR que nos cria e destrói, simultaneamente?!
Vejo a última lágrima salpicar as águas desse rio, antes de me levantar para mais uma cena desta peça fingida, sem fim à vista...

domingo, maio 15, 2005

Despojado

Abro as narinas
E forço uma inspiração.
Automaticamente,
transporto-me até uma
Singularidade onde
Tempo e espaço
se consomem mutuamente,
deixando um vazio...
Aí, entras dentro de mim
e dás-me vida!
O teu corpo é o meu
Templo, onde rezo e
me ofereço a ti...
Toma-me e deixa-me...
Ama-me e despreza-me,
se esse for o teu desejo
Mas nunca me deixes só!
Sou egoísta, querendo-te
só p'ra mim... Sei
que não és nem serás meu.
Vem, vem navegar no meu corpo e deixar
a Tua essência marcada a ferros na minha
Alma!

Ao relento

Tenho medo...
Arrepio-me ao pensar
no que te farei quando
chegar ao fim desta
Louca montanha russa.
Não paguei o bilhete,
mas deixei-me levar
para os carris e agora os
travões não aguentam.
Abro os braços para
Agarrar o vento que me
Afaga e faz feliz!
Peço, imploro, para
Que não pare;
Viajo em direcção oposta
à tua, apesar de estarmos
lado a lado.
A tua mente está comigo
mas o teu coração está
Lá longe, ende explodes
em amor realizado com
Orgulho.
Não luto; não vou competir!
Vou conquistar-te de mansinho,
Como quando o Sol beija
as praias acariciadas por
Vagas doutras "paragens"
Que um dia me irás
mostrar...

A ti, "mestre"....

sexta-feira, maio 13, 2005

Untitled I

Estupidamente acendo mais um cigarro... Aquele perfume que senti no ar tocou-me profundamente na memória e o gesto foi automático.
Em cada baforada, relembro as curvas do teu rosto traçadas ao crepúsculo de um ocaso sublime e redentor. O tempo parecia parar enquanto me dizias para não te deixar...
Levanto-me do banco de um jardom perdido da cidade e caminho sem rumo, levando apenas mágoa e tristeza. Para trás ficam os meus sentimentos, os meus medos e desejos; para trás, ficam as alegrias e as gargalhadas dadas de mão dada ao subir a rua da vaidade... Para trás...
Dizem que a felicidade não está no fim mas sim no caminho. Mas que caminho é este, tortuoso e cheio de curvas, no qual nos perdemos e voltamos a encontrar mas nunca no mesmo sítio?!
Atiro a beata para longe e fico a observar o pequeno espectáculo de fogo de artifício espontâneo. Como se tornam efémeras as coisas quando a elas se atribui demasiada importância!!! O que fica depois, é o vazio, a dor de não ter o que nunca foi nosso...
Passo atrás de passo, detenho-me à porta de um cangalheiro. Esboço um sorriso sarcástico e entro. Se planeamos a nossa vida ao milímetro, porque não planear também a morte? E, afinal de contas, todos os dias são bons dias para o fazer :o)

quinta-feira, maio 12, 2005

Passos...

Atravessando a Ponte de Santa Clara, sob um chuva miudinha e um céu azul pardacento, sinto que um pouco mais de mim ficou lá, na areia, no chão, junto ao rio, dequele que é um Queimódromo de Vida.
Só, vou-me arrastando e os meus passos detêm-se de vez em quando, na altura em que preciso limpar as lágrimas que insistem em rolar pela cara abaixo.
Mais uma noite passou e nada ficou... Apenas um vazio de sentimentos e de afectos, onde tudo é superficial e vivido apenas no momento!
Coimbra está cada vez mais distante, mas ao mesmo tempo, à distância de um dedo... Aquela rua, aquela esquina, onde um dia me dei a conhecer a ti e a esta cidade que amo e odeio com tanta força que chega a doer!, vão ficando para trás, como tudo.
Lá no cimo, a Cabra vai olhando e a todos tocando no coração de maneira única.
Obrigado Coimbra, por fazeres de mim um HOMEM... És e serás, uma das mulheres da minha vida!

Untitled I

Estupidamente acendo mais um cigarro... Aquele perfume que senti no ar tocou-me profundamente na memória e o gesto foi automático.
Em cada baforada, relembro as curvas do teu rosto traçadas ao crepúsculo de um ocaso sublime e redentor. O tempo parecia parar enquanto me dizias para não te deixar...
Levanto-me do banco de um jardom perdido da cidade e caminho sem rumo, levando apenas mágoa e tristeza. Para trás ficam os meus sentimentos, os meus medos e desejos; para trás, ficam as alegrias e as gargalhadas dadas de mão dada ao subir a rua da vaidade... Para trás...
Dizem que a felicidade não está no fim mas sim no caminho. Mas que caminho é este, tortuoso e cheio de curvas, no qual nos perdemos e voltamos a encontrar mas nunca no mesmo sítio?!
Atiro a beata para longe e fico a observar o pequeno espectáculo de fogo de artifício espontâneo. Como se tornam efémeras as coisas quando a elas se atribui demasiada importância!!! O que fica depois, é o vazio, a dor de não ter o que nunca foi nosso...
Passo atrás de passo, detenho-me à porta de um cangalheiro. Esboço um sorriso sarcástico e entro. Se planeamos a nossa vida ao milímetro, porque não planear também a morte? E, afinal de contas, todos os dias são bons dias para o fazer :o)

terça-feira, maio 03, 2005

Mar Adentro

Hoje as lágrimas impedem-me de ver o teclado... Por isso não consigo escrever.
Deixo apenas este poema LINDO que me toca de forma particular. Ao lê-lo, fico paradoxalmente aliviado de toda a angústia que carrego dentro de mim!
Espero que ele vos toque de forma única...

Mar Adentro

Mar adentro,
mar adentro.

Y en la ingravidez del fondo
donde se cumplen los sueños
se juntan dos voluntades
para cumplir un deseo.

Un beso enciende la vida
con un relámpago y un trueno
y en una metamorfosis
mi cuerpo no es ya mi cuerpo,
es como penetrar al centro del universo.

El abrazo más pueril
y el más puro de los besos
hasta vernos reducidos
en un único deseo.

Tu mirada y mi mirada
como un eco repitiendo, sin palabras
'más adentro', 'más adentro'
hasta el más allá del todo
por la sangre y por los huesos.

Pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto,
para seguir con mi boca
enredada en tus cabellos.