quinta-feira, maio 12, 2005

Untitled I

Estupidamente acendo mais um cigarro... Aquele perfume que senti no ar tocou-me profundamente na memória e o gesto foi automático.
Em cada baforada, relembro as curvas do teu rosto traçadas ao crepúsculo de um ocaso sublime e redentor. O tempo parecia parar enquanto me dizias para não te deixar...
Levanto-me do banco de um jardom perdido da cidade e caminho sem rumo, levando apenas mágoa e tristeza. Para trás ficam os meus sentimentos, os meus medos e desejos; para trás, ficam as alegrias e as gargalhadas dadas de mão dada ao subir a rua da vaidade... Para trás...
Dizem que a felicidade não está no fim mas sim no caminho. Mas que caminho é este, tortuoso e cheio de curvas, no qual nos perdemos e voltamos a encontrar mas nunca no mesmo sítio?!
Atiro a beata para longe e fico a observar o pequeno espectáculo de fogo de artifício espontâneo. Como se tornam efémeras as coisas quando a elas se atribui demasiada importância!!! O que fica depois, é o vazio, a dor de não ter o que nunca foi nosso...
Passo atrás de passo, detenho-me à porta de um cangalheiro. Esboço um sorriso sarcástico e entro. Se planeamos a nossa vida ao milímetro, porque não planear também a morte? E, afinal de contas, todos os dias são bons dias para o fazer :o)