sábado, maio 21, 2005

Adrenalina

Apareceste subindo aquelas escadas por mim calcorreadas tantas vezes antes de ti.
Não me apercebi que eras tu… Mas parecias saber já ao que vinhas. Foi como se me conhecesses há muito e adivinhasses os meus movimentos antes mesmo de eu os pensar.
É isso que queres? És daquele género que procura atingir determinados objectivos e depois desaparece?
O teu diálogo embriagou-me mais que os finos que bebera antes… Foi como se me sentisse enfeitiçado por uma bruma voando na minha direcção e da qual não conseguia escapar. Levaste-me à certa naquela noite; soubeste falar-me ao coração, entendes?
E fui-me deixando levar… Levar para algo que sabia (e sei… ?), à partida, que não me iria deixar descansar em paz. Algo que iria mexer comigo, como se de um tremor de terra (aos quais até estou habituado) se tratasse.
Abriste-te comigo. Expuseste o teu íntimo e eu ouvi… Ouvi com uma atenção invulgar para aquela hora da manhã e para aquele lugar. Senti-me pequeno ao pé de ti, fútil, inútil… Como se a minha existência não mais fosse importante e apenas importasse carregar um pouco do teu sofrimento. Apeteceu-me cobrir-te, qual redoma, e proteger-te não sei bem de quê… Talvez de ti!
Senti uma ligação, uma ponte que nos unia de uma forma que só eu sinto e não consigo explicar. Tal como muitas das coisas que me vão na alma, esta era mais uma que não consigo pôr cá fora, umas vezes por incapacidade, outras por medo de me ferir como muitas vezes me feri por abrir o jogo…
E à medida que subia a [minha] tensão emocional, subia também uma libido inexplicável… Sempre num crescendo, fomo-nos aproximando, tocando, sentindo… Eu, retraindo-me sempre, com medo, com inexperiência, fugia do inadiável.
Senti um calor amigável nas entranhas quando os teus lábios tocaram os meus. Instintivamente, agarrei-te pela cintura e puxei-te de encontro a mim! Queria sentir-te, cheirar-te, saborear-te… Sempre com aquela “pressa” que me caracteriza.
Explorámos os corpos um do outro, enquanto arrefecíamos sob a geada da madrugada, junto aquelas frias pedras… Até que nos detínhamos sempre que o som de alguém se tornava ameaçador! Quase sentia os jactos de adrenalina a serem injectados no meu sistema. O meu coração estava na boca, mas não queria. Queria que ela fosse ocupada por ti, pelos teus lábios!
As tuas mãos sempre em sítios novos para mim… Sabias ao que vinhas!
Queria mais e mais, mas sabia que não estava preparado. Adivinhaste isso e deste-me tempo…
Rumando até casa, acompanhados pelo Sol redentor e confidente da paixão carnal, fui-te conhecendo um pouco mais… E entristecendo ante o pensamento de não te ver mais… De me fugires do peito como a presa foge do caçador. Mas entre nós, que ninguém nos ouve, a presa fui eu, não foi?!
Não me fujas… Não me deixes afugentar-te com a minha aparente “distância”…. Compreende que sou um sofredor que sente sozinho, num canto, com a sua solidão… Mas que quando dou, DOU!!! Sem pedir nada em troca, entendes?
Continua????

2 Comments:

Blogger Martim said...

Linda... E foi isso que pedi! Mas nunca me senti tão usado e abusado como desta vez. O pior foi saber do desfecho à partida...
Porque haveria de ficar triste com o teu comentario?! O bonito das relações é a partilha de ideias e perspectivas doferentes, dentro de interesses communs, neste caso, a escrita!
Beijinhos fofos

segunda-feira, maio 23, 2005 6:02:00 da tarde  
Blogger Kaeser said...

Por vezes queremos saber demasiado...por vezes queremos conhecer o desconhecido...por vezes somos novos demais e perdemo-nos. Todos nós temos comportamentos que no momento faziam todo o sentido e algum tempo depois tornam-se incompreensíveis. Será imaturidade? Talvez sim, talvez não, o que importa realmente é que naquele preciso momento queriamos fazer aquilo e não há que ter remorsos...não há lugar para o arrependimento!
Os outros, "esses" aliados à imaturidade é que se tornam perigosos, levando-nos a fazer e dizer as coisas como nós não queriamos, mas isso é outra história.
Sê tu próprio, aprende com os erros...mas acima de tudo não sejas demasiado extremista, corres o risco de "travar" a tua felicidade.

...há...e se algum dia não fui justo ou correcto contigo...peço-te DESCULPA...

quinta-feira, maio 26, 2005 9:09:00 da tarde  

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