quarta-feira, setembro 19, 2007

Recuperei um velho hábito: o da leitura. Agora com o mais que necessário tempo livre que tenho, saio de casa sem sair do meu quarto.
A arte da leitura acompanhou-me desde sempre. Corri por colinas verdes junto com "Os Cinco", desci às profundezas do oceano com Júlio Verne, depois de ter penetrado nas entranhas da Terra.
Senti na alma os horrores duma guerra vivida entre quatro paredes por uma jovem de 15 anos, ao mesmo tempo que compreendi que existem amores impossíveis...
Romanceei ao lado de Saramago e tive medo que me sugassem a alma. E julguei não a ter, ridiculamente, porque Sei Lá.
Vou voltar a ser mil personagens e a viajar por mundos impenetráveis. Vou voltar a ser eu.
Porque não me interessa o que outros querem. Porque quero eu!

terça-feira, setembro 18, 2007

Tenho saudades de pintar. De pegar num lápis colorido, contornar o desenho e preencher as formas. É verdade que vou preenchendo as vivências com pinceladas ténues, dum qualquer guache deslavado, tentando dar cor aos traços rígidos e feios, desenhados por uma sociedade que não pára para reflectir.
Tenho saudades de pintar. De criar ilusões de sombras e luz, rasgando o papel estéril. De amaciar a celulose com as cores que vou roubando, de pouco a pouco, a algo que é cinzento e insípido...
Tenho saudades de pintar. Tenho saudades de viver.

domingo, setembro 16, 2007

Ir Onde?

Ausente de mim, vagueio pelas memórias de épocas não distantes mas, paradoxalmente, perdidas. Esta cidade, na qual não me revejo, suga-me toda a energia e estas gentes rudes tornam-me tácito, frio e calculista.
Por isso existo só, em quatro paredes, fantasiando sobre o que um dia fui e sobre o que quero para mim. Pareço um VW Beetle na faixa interior de uma rotunda com 3 faixas, sem conseguir sair na rua certa, em círculos conínuos em torno de um objectivo inatingível.
Já nem ouço os amigos, que se vão perdendo na distância e nas ardilosas mentiras que vou contando acerca do meu bem-estar.
Amanhã, nova semana. Já me doi a cabeça e o coração.
Amahã, serei novamente o ausente de mim, robot automatizado em piloto automático.

domingo, setembro 09, 2007

"Estrela do Mar
Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
E em que o sono parecia disposto a não vir
Fui estender-me na praia, sózinho, ao relento
E ali longe do tempo, acabei por dormir

Acordei com o toque suave de um beijo
E uma cara sardenta encheu-me o olhar
Ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
Ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar

"Sou a estrela do mar só a ele obedeço
Só ele me conhece, só ele sabe quem sou
No princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força
Ser dono de mim..."

Não sei se era maior o desejo ou o espanto
Só sei que por instantes deixei de pensar
Uma chama invisível incendiou-me o peito
Qualquer coisa impossível fez-me acreditar

Em silêncio trocámos segredos e abraços
Inscrevemos no espaço um novo alfabeto
Já passaram mil anos sobre o nosso encontro
Mas mil anos são pouco ou nada para estrela do mar

"Estrela do mar
Só a ele obedeço
Só ele me conhece, só ele sabe quem sou
No princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força
Ser dono de mim..."

Sublime esta letra, não?
Não sei se me sinto assim ou se gostaria que tal acontecesse...