terça-feira, outubro 11, 2005

Turbilhão

Já me disseram que tenho pressa de viver. Mas cheguei à conclusão que tenho é pressa de morrer.
A ideia de uma morte idílica seduz-me obscenamente. Como se de um íman ou escape se tratasse!
Porquê segurar um touro dentro de mim e soltá-lo quando a tourada acabou?! Não há lógica nem sentido em amar sem ser amado. Ou será a ideia de se ser desejado o que me seduz, afinal?
Uma vida inteira a esconder o que se sente mas não se quer sentir; as horas a fugirem e os segundos a desaparecerem como gotas de orvalho, escorrendo dos ramos duma oliveira. E o tempo sempre imóvel, naquele momento, naquela hora de certeza indefinida em que te passei a amar.
E caminhando entre uma ténue linha, que nos separa de nós próprios, vou vivendo os dias cinzentos duma angústia decorada com risos e sorrisos escondidos.
Os cursos de água trouxeram-me até ti... Para quê?! Não entendo, e no entanto sinto-me bem ante os teus espelhos verdes de alma atormentada e de anjo-demónio. Esses olhos... Os mesmos que me perscrutam o âmago em busca não sei do quê. Os mesmos olhos tristes que chamam e não é por mim.
As águas levaram-me e fizeram-me acreditar de novo em mim. Mas eu não quero acreditar; quero sentir-te em meu redor... Quero sentir o teu colo e o teu beijo... Nem que seja apenas por um segundo!

E os ventos mudarão, as folhas cairão, as pedras rolarão e desaparecerás de mim. Ainda que digas o contrário. Não quero!
Agora quero desfazer-me em lágrimas e sofrer. Quero estar só e mutilar-me por ti. Amando-te em solidão...

Amor, ainda aí estás?!

4 Comments:

Blogger Rita said...

Querido Martim, sempre inspirado, sempre a eterna dúvida sobre a felicidade plena no amor, sempre os sonhos de uma vida, os projectos e planos a dois, os desejos mais essenciais, as certezas que nos dão mais serenidade e paz para sermos plenamente felizes, o sentido da vida que criamos ou destruimos consoante o coração assume o nosso comando numa ou noutra direcção. E depois a beleza de pessoas bonitas como tu que, tenho a certeza, não se resignam aos caprichos indolentes do amor e cedem sempre a mais uma tentativa de o tentar fazer cair nas armadilhas que criamos, a todo o custo, para o cativar, sempre com o mesmo desejo de posse, ainda que seja sempre só por mais um pedacinho...
Beijo, cheio de admiração, como sempre*

terça-feira, outubro 11, 2005 11:03:00 da manhã  
Blogger Walter said...

Martim, achei fantástico o texto. és tu em cada palavra, és tu que te recolhes nesse teu mundo em que és tu que fechas as portas!Sabes há mares entre as pessoas, mas não há distâncias entre as recordações!
um abraço
walter

terça-feira, outubro 11, 2005 4:35:00 da tarde  
Blogger MIN said...

Um beijo para ti Martim.

quinta-feira, outubro 13, 2005 9:56:00 da manhã  
Blogger Estrela do mar said...

...viajando pela net, chamou-me a atenção o nome do teu blog, visto eu gostar muito de gatos...e resolvi entrar e ler este teu post...senti muita tristeza, e um pouco de desespero à medida que o ia lendo...mas como eu acredito no amor, visto ser muito feliz...acho que tens que acreditar que melhores dias virão...e logo terás a tua princesa a teu lado...e ambos caminharão de mãos-dadas pela estrada da vida...

Um beijo e tem um bfs.

sábado, outubro 15, 2005 4:12:00 da tarde  

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