quarta-feira, julho 27, 2005

Suspiro

O meu ser acompanha esta chuva "molha-tolhos" que de mansinho vai caindo sobre esta cidade, sobre esta meretriz de sentimentos.
Dizer adeus a uma vida, aos amigos, a estas ruas que me viram crescer, que me ouviram rir, que me ouviram chorar e que me sentiram amar, não é fácil.
Mas nunca pensei que me custasse tanto... São mil punhais cravados no meu âmago!
São uma manada de elefantes que pisam, sem cessar, o meu frágil coração.
Esta chuva que cai faz-me querer fazer parte dela. Fundir-me com as pedras da calçada e juntar-me a tantos outros que por aqui passaram. Sentir tudo o que um dia foi já sentido e ampliá-lo por um factor exponencial de tamanha grandeza, que nem Einstein o entenderia... Sim, porque nestas coisas do sentir, não há física que o explique nem amanse.
Mamã... Porque não me pareces tão confortável agora?!? Porque me oprimes com o teu Amor?! Deixa-me... Deixa-me chorar junto à Cabra, junto à Sé Velha e trocar um beijo a medo debaixo das sábias árvores do Penedo. Aquele, que escuta e cresce com a força de mil Amores trocados a medo.
O meu Amor é para vocês! Estes rolos de sal que de mim caem são um misto de felicidade e de nostalgia. Têm o gosto de mil palavras escritas sem sentido. São o que de mim cresce sem sentido, mas dirigido a Ele... Esse Amor que busco e não encontro.
O chão está traiçoeiro. Até ele se junta a mim, nesta viagem por uma Coimbra só minha e de todos. A poeira de um Queima, a chuva de uma Latada e o calor sensual de uma noite de copos, jamais serão insubstituíveis. Jamais será em mim inscrito tamanha sabedoria, tamanha alegria de viver.
Com ela descobri-me e aprendi a gostar de mim. Com ela vivi e morri Amores fragéis. Nela recitei os cânones de uma conduta socialmente correcta e, ao mesmo tempo, inscrevi nos anuais de memórias colectivas, passagens de fazer corar qualquer um que ouse julgar-me... Julgar! Ah...
As gnetes passaram e nem notaram a minha ausência. A rotina tornou-se fatal. Quem veio, fê-lo para partir e não sou diferente de um qualquer. Parto, contigo, com o outro, com aquele, com este maná dos Céus e não mais olho para trás. Sigo em frente, com o impeto de mil erupções, com as vagas de mil ondas, com a intensidade de um lagoa sob o Sol. E fico, em mim, nas minhas palavras, no ar que respirei, nas cadeiras em que me sentei.
Tal como veio, de mansinho, esta chuva também irá. E eu com ela. Como uma baforada de um cigarro fumado por Vós, os que me compreendem.

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não há Longe nem Distância, já devias saber...
Coimbra deu-te muito mais do que toda essa saudade. Deu-te alento, vida e fez de ti a pessoa extraordinária que és hoje e que adoro tanto.
Coimbra jamais te sairá do peito. Ainda que o queiras. Coimbra é tua. E tu pertencerás SEMPRE aqui.
Enquanto estiveres no coração de todos os amores que aqui deixaste (onde me incluo) estarás sempre aqui.
Todo o meu amor, para ti, hoje.
Porque és lindo e porque te adoro.

quarta-feira, julho 27, 2005 9:45:00 da manhã  
Blogger Anjo Caído said...

Porque as despedidas são sempre dolorosas...
Resta-nos pensar que os dias que hão-de vir serão tão ricos em experiências como aqueles que um dia foram os nossos melhores.
As pessoas, os momentos, as horas, os sorrisos, os beijos... tudo é insubstituivel.Mas tudo será eternamente recordado com o gosto doce de termos feito parte dessa história.
Nada está a acabar. Apenas novos horizontes se avizinham, e que, à sua maneira, se tornarão também eles (os novos momentos) inesquecíveis.

Muitas felicidades para esta nova jornada que agora inicias.

Beijo grande***

quarta-feira, julho 27, 2005 11:10:00 da manhã  
Blogger Kaeser said...

Quando cá chegamos ouvimos falar da eterna saudade que tanto caracteriza Coimbra...sabemos que o dia da despedida é real e pensamos que quando lá chegamos já estamos preparados...errado! Quando lá chegamos desejamos voltar para o dia em que chegamos...para que tudo se volte a repetir...esse dia ainda está para chegar(se bem que de forma inconsciente o tenho vindo a adiar). Mas sei que ele vai chegar...e sei que não estarei preparado para o receber.
Boa Sorte amigo!

O teu Dia chegou...agarra-te à vida e mostra-lhe do que és feito!!!

quarta-feira, julho 27, 2005 12:23:00 da tarde  
Blogger Ricardo Simaes said...

Quero desejar-te todas as felicidades do mundo, Martim. Todas mesmo!

Um abraço forte.

Ricardo

quarta-feira, julho 27, 2005 2:52:00 da tarde  
Blogger Walter said...

Esta é a magia desta Coimbra que se traja de negro na recepção e na despedida! esta é a mística de quem sente Coimbra como sua, que sente o bater da velha cabra como se fosse mais uma pulsação. Esta é coimbra dos excessos que nós tornam AINDA mais humanos! esta é coimbra que recebe e se despede de mais um filho seu com a serenidade do mondego!
Gostei do modo como sentes essa coimbra que não deixará de fazer parte de ti!
abraço
Walter

quarta-feira, julho 27, 2005 5:07:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não adianta virar as costas ao que com amor se constrói…
…eu construí,
…eu desenvolvi,
…eu fi-lo crescer,
…eu quis acaba-lo,
…eu voltei-lhe as costas.
Agora voltei…
…e vou continuá-lo!
Porque ele é a minha vida, é o meu diário, é o meu amigo, o meu confidente,
Porque nele encontrei a amizade, muitos amigos de coração.
Voltei amigos...
Voltei ao blog…
Não com o mesmo tempo de outrora, não com a mesma disponibilidade, mas prometo continuar a ser eu, o Neco, amigo e verdadeiro!
Neco
OBrigado por existires!

quarta-feira, julho 27, 2005 5:35:00 da tarde  
Blogger MIN said...

Farás falta com toda a certeza.. Um beijo e boas viagens!

quinta-feira, julho 28, 2005 2:35:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bem, resta-me apenas desejar-te tudo de bom mesmo Martim! Beijo enorme :)

segunda-feira, agosto 01, 2005 3:31:00 da tarde  
Blogger Chocolate said...

Sei que neste momento não vais acreditar, mas tens muita sorte, Martim!
Vais deixar fisicamente a cidade que te acolheu na mais bela fase da tua vida.
E guardá-la-ás sempre como a sentiste até hoje e a sentes ainda - bela, jovem, misteriosa, cúmplice e companheira.
Vais resistir a vê-la mudar, fugir-te, afastar-se...
Não vais saber o que é ver partir os teus amigos, companheiros de risos e lágrimas e tantas aventuras...
Nunca vais ver invadidos os "teus" recantos por perfeitos desconhecidos exibindo orgulhosamente uma Capa que tu já não podes ostentar...
Não vais reparar que não tens tempo para chorar junto à Cabra ou à Sé Velha, nem para trocar beijos no velho Penedo...
Não vais chegar a sentir-te um estranho no "teu" café, que frequentavas quando eras aquilo que ainda todos são menos tu...

Vais sempre achar que a cor da alegria, da vida e da beleza é o Preto!!...

[...]

Tenho pena de te ver partir.

Mas é com lágrimas de inveja que assisto ao teu regresso a casa...

terça-feira, agosto 02, 2005 3:04:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Já não nos cruzamos no msn, mas lembra-te que basta um mail para eu te poder dar a amizade e a força que precisas, ou precisarás!Ausente penso sempre nos meus amigos!Abraços

quarta-feira, agosto 03, 2005 5:58:00 da tarde  

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