terça-feira, julho 05, 2005

The Butterfly Effect

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Pedro Miguel Rodrigues



À medida que caminho é como se o chão tivesse virado algodão macio e fofo, no qual os meus pés se vão enterrando e ganhando impulso para me fazerem subir ao mais alto dos montes verdejantes, crispados pelas hortênsias e entrecortados pelo dolente canto do milhafre.
O teu cheiro ainda permanece em mim e insuflo cada vez mais profundamente na tentativa de te ter sempre dentro de mim. Conquistaste um pedacinho da relva de carinho e amor que me atapeta o coração por dentro. Esse mesmo coração que ainda não há muitos dias sangrava, sangrava de dor e de impotência...
Não que agora não sangre; já vai sangrar, por ti e por mim, por aquilo que te farei quando colocar a tua cabeça debaixo da guilhotina, e o teu coração rebolar nas silvas e nas heras que me rodeiam...
Mas não; vou resistir a essas vagas de tempestade que sempre teimam em assolar as minhas costas tão fustigadas por coisas grandes e dolorosas, e outras tão fúteis e vãs. Não! Recuso a descer contigo, ó Vulcano, até essas profundezas de certezas de morte antecipada e de dor por viver... Aqui e agora quero ser pássaro, voar alto e ser feliz!
Quero dar comida na boca, comida para o coração e para a alma grande que me envolve em ternura e plenitude.
Não te preocupes comigo, eu cresço só de te contemplar, só de te ter nos meus lençóis, entre as minhas pernas e eu entre os teus braços. Rodeias-me como uma serpente, sôfrega por alimento, e eu entrego-me. Porque quero ser teu de braços e de pernas, de tronco e de sexo, e [de]mente, já que a alma não me pertence. Ela é apenas dela... Quando não se esquiva de mim...
O meu corpo já não me pesa. O meu corpo encontrou outra pedra, igual a tantas outras, mas tão diferente, tão angular como outras pedras angulares antes de ti... Mas tens o teu lugar próprio, marcado a escopo e a martelo e cinzelado por artíficies de outras eras, daquelas onde se sabia fazer tudo com tão pouco.
Ah!!! Água que escorres de mim, guardar-te-ei num frasquinho pequenino de cristal, para me perfumar nos dias de calor que se avizinham.
cresço sempre que te sinto... E sempre que penso em ti... E sempre que sorrio ao imaginar-te na minha cabeça. Ecoas dentro de mim como uma locomotiva a vapor, galgando os carris, tentando chegar depressa.
Pois eu não tenho pressa nenhuma. Quero ter-te sempre comigo, até a Vida querer e esta Alma que hoje carrego assim o entender.
Os verdes e os azuis, os brancos e os lilázes, as águas do oceano cabem todas na nossa mão. Fecha e guarda as maravilhas que temos...

PS: desculpem não visitar os vossos cantinhos com a frequência que gostaria... My lifés a mess e quase nem tempo tenho para mim. Prometo uma ronda pra breve! "É que é já a seguir..." LOL

5 Comments:

Blogger Ricardo Simaes said...

Era, de facto, necessário, o efeito borboleta! Welcome back! É sempre um prazer ler-te!

Abraço.

terça-feira, julho 05, 2005 10:17:00 da tarde  
Blogger Rita said...

Querido Martim,
Adorei ler-te, como sempre. E foi bom ficar na dúvida, ao tentar perceber ingloriamente de que e de quantos amores falas tu. Parece-me entrever aí um grande amor passado e a promessa de um presente feliz a projectar-se no futuro. No meio de tudo isso, as saudades ao olhar eternamente para trás e a vontade de prosseguir em frente.
Beijo grande, já tínhamos saudades tuas, caramba!*

quarta-feira, julho 06, 2005 11:09:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Mas que belo efeito...palavras e imagem, uma combinação perfeita!! Beijokas :))

quarta-feira, julho 06, 2005 3:18:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Guardamos sempre num cantinho da alma quem amamos... Usamos os sonhos e os sentidos para lembrar esse amor, em cada gesto, cada perfume... Beijo

quarta-feira, julho 06, 2005 9:12:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Escreves em prosa mas com uma carga poética imensa.
Gostei imenso deste post... A forma como descreves a plenitude amorosa... very very good :)

*

sábado, julho 09, 2005 11:47:00 da manhã  

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