Semente
Jacinta Fonseca
Morte que mataste lira
Mata-me a mim que sou teu
Mata-me com os mesmos ferros
Com que a lira morreu
A lira por ser ingrata
Tiranamente morreu
A morte a mim não me mata
Firme e constante sou eu
Veio um pastor lá da serra
À minha porta bateu
Veio me dar por notícia
Que a minha lira morreu
Popular, ilha Terceira
Sinto-me novamente sem ânimo para pensar seja no que for... E pô-lo no papel. E dói, dói imenso ter isto tudo dentro de mim, sem que saia, sem que partilhe.
E queria partilhar as coisas boas da vida que tenho. Queria partilhar as pedras da calçada, calcorreadas enquanto se conversa ao som de um qualquer som urbano. Subir aquela calçada e sentar-me ali, debaixo daquela copa, ao lado daquela fonte. E e ouvir-te. Cantando, chorando, baixinho as palavras que não queres que eu ouça, mas que sei que têm que ser ditas.
Aquelas palavras, mais ténues que um raio de Lua, pintadas de essências orientais mas tão cruéis. Para mim, para ti.
A música do coração soou e ecoou em todo o teu ser. Não dá para baixar o volume. E o coração toca o mais doce requiem que alguma vez ouvi. Ah!!! Se a morte for tão doce como esta melodia que brota dos teus lábios [obscenamente carnudos], que venha e me convide para um concerto a dois.
Já não sinto a frescura das finas partículas de água, escorrendo pelos braços abaixo. Significa que tenho que me levantar. Que tenho que sair.
Não quero ficar junto a ti. Quero continuar a pensar nos cristais que fazíamos subir nos ares nos encontros carnais. Quero sentir-te ofegante, quase a desfalecer, até que eu te apanhe no ar e te deite a meu lado. Prontos para outro forno de calores e de suores sentidos. De oiro. De algodão. De prazer.
Estou recomposto. Depois de mais de não sei quantos cigarros, já nem sei quem sou. Ou o que sentia. Apenas sei que estou bem. Que estou satisfeito. Que não tenho necessidade de amar tão cedo. E assusto-me... Não me reconheço.
Estou bem. Fizeste-me bem. Acredito novamente que as boas pessoas também são capazes de amar. Incondicionalmente. Verdadeiramente.
7 Comments:
Só as boas pessoas são capazes de amar, Martim. Incondicionalmente. E, pelo que leio, pelo que pressinto, sei que és uma dessas boas pessoas. E amar incondicionalmente, mesmo que como dizia o Pedro no blog dele, às vezes canse, é a única coisa no mundo que realmente vale a pena...
Um Forte Abraço.
Ricardo
Que lindo, Martim, a fotografia, o poema, as tuas palavras... Cheias de mágoa, de doçura, de sensibilidade. Tu não és uma boa pessoa, és antes uma óptima pessoa, pelo que consigo pressentir. E se as boas pessoas merecem e são capazes de amar incondicionalmente, tu mereces isso exponencialmente, numa medida inalcançável (o que no fundo acaba por ser desmedido).
Beijo grande
pk me fazes chorar?
o k é k eu te fiz?
o k é k eu n te fiz?
tens alguém?
=(((((((((((((((((((((((((((((((((
=....................(
não da pra tentar outra vez?
Simplesmente lindo o que aki escreveste!Tens sentimentos e sabes bem usar as palavras para o descrever!Adorei...belo momento!Abraços
O que tenho aprendido de mãos dadas com a vida é que nem só as boas pessoas são capazes de amar incondicionalmente...
as menos boas também são capazes de amar, de forma diferente, de forma que às vezes magoa das mais variadas formas...
mas amam, às vezes sem se aperceberem disso...
:) beijo Pandora
Terceira...uma ilha mágica...com pessoas mágicas!
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