sexta-feira, julho 15, 2005

Semente

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Jacinta Fonseca

Morte que mataste lira
Mata-me a mim que sou teu
Mata-me com os mesmos ferros
Com que a lira morreu

A lira por ser ingrata
Tiranamente morreu
A morte a mim não me mata
Firme e constante sou eu

Veio um pastor lá da serra
À minha porta bateu
Veio me dar por notícia
Que a minha lira morreu

Popular, ilha Terceira



Sinto-me novamente sem ânimo para pensar seja no que for... E pô-lo no papel. E dói, dói imenso ter isto tudo dentro de mim, sem que saia, sem que partilhe.
E queria partilhar as coisas boas da vida que tenho. Queria partilhar as pedras da calçada, calcorreadas enquanto se conversa ao som de um qualquer som urbano. Subir aquela calçada e sentar-me ali, debaixo daquela copa, ao lado daquela fonte. E e ouvir-te. Cantando, chorando, baixinho as palavras que não queres que eu ouça, mas que sei que têm que ser ditas.
Aquelas palavras, mais ténues que um raio de Lua, pintadas de essências orientais mas tão cruéis. Para mim, para ti.
A música do coração soou e ecoou em todo o teu ser. Não dá para baixar o volume. E o coração toca o mais doce requiem que alguma vez ouvi. Ah!!! Se a morte for tão doce como esta melodia que brota dos teus lábios [obscenamente carnudos], que venha e me convide para um concerto a dois.
Já não sinto a frescura das finas partículas de água, escorrendo pelos braços abaixo. Significa que tenho que me levantar. Que tenho que sair.
Não quero ficar junto a ti. Quero continuar a pensar nos cristais que fazíamos subir nos ares nos encontros carnais. Quero sentir-te ofegante, quase a desfalecer, até que eu te apanhe no ar e te deite a meu lado. Prontos para outro forno de calores e de suores sentidos. De oiro. De algodão. De prazer.

Estou recomposto. Depois de mais de não sei quantos cigarros, já nem sei quem sou. Ou o que sentia. Apenas sei que estou bem. Que estou satisfeito. Que não tenho necessidade de amar tão cedo. E assusto-me... Não me reconheço.

Estou bem. Fizeste-me bem. Acredito novamente que as boas pessoas também são capazes de amar. Incondicionalmente. Verdadeiramente.

7 Comments:

Blogger Ricardo Simaes said...

Só as boas pessoas são capazes de amar, Martim. Incondicionalmente. E, pelo que leio, pelo que pressinto, sei que és uma dessas boas pessoas. E amar incondicionalmente, mesmo que como dizia o Pedro no blog dele, às vezes canse, é a única coisa no mundo que realmente vale a pena...

Um Forte Abraço.

Ricardo

sexta-feira, julho 15, 2005 11:02:00 da tarde  
Blogger Rita said...

Que lindo, Martim, a fotografia, o poema, as tuas palavras... Cheias de mágoa, de doçura, de sensibilidade. Tu não és uma boa pessoa, és antes uma óptima pessoa, pelo que consigo pressentir. E se as boas pessoas merecem e são capazes de amar incondicionalmente, tu mereces isso exponencialmente, numa medida inalcançável (o que no fundo acaba por ser desmedido).
Beijo grande

sábado, julho 16, 2005 2:52:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

pk me fazes chorar?
o k é k eu te fiz?
o k é k eu n te fiz?
tens alguém?
=(((((((((((((((((((((((((((((((((
=....................(

segunda-feira, julho 18, 2005 6:35:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

não da pra tentar outra vez?

segunda-feira, julho 18, 2005 6:40:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Simplesmente lindo o que aki escreveste!Tens sentimentos e sabes bem usar as palavras para o descrever!Adorei...belo momento!Abraços

segunda-feira, julho 18, 2005 9:09:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O que tenho aprendido de mãos dadas com a vida é que nem só as boas pessoas são capazes de amar incondicionalmente...
as menos boas também são capazes de amar, de forma diferente, de forma que às vezes magoa das mais variadas formas...
mas amam, às vezes sem se aperceberem disso...
:) beijo Pandora

quarta-feira, julho 20, 2005 2:13:00 da tarde  
Blogger Kaeser said...

Terceira...uma ilha mágica...com pessoas mágicas!

domingo, julho 24, 2005 10:24:00 da manhã  

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