domingo, agosto 21, 2005

Depois de um banho no Atlântico e de caminhar ao Sol ouvindo Variações, sinto que voltei a ser eu próprio por momentos.
Sozinho, naquele passeio, fui contando as pedrinhas do chão e ouvindo o marulhar das ondas nas rochas basálticas. E pensei nas razões pelas quais as pessoas fingem aquilo que não são... Não entendo porque se insiste no sorriso por obrigação, no cumprimento por imposição de estatuto...
Devíamos falar com as pessoas por prazer, porque gostamos, porque queremos saber como passam!!!
Quantas vezes não nos arrependemos depois do "Olá, tudo bem?" da praxe?! Arrepiamo-nos quando ouvimos um "Mais ou menos..." e um desfiar de tristezas, nas quais não conseguimos manter o mínimo interesse... Não queremos porque somos egoístas e estamos embrenhadíssimos nas nossas pequenas guerrinhas interiores...
Mas, se assim não for, quem pensará em nós?! Vendo bem a questão, quando queremos libertar alguma bomba, do outro lado está alguém completamente desinteressado.

Bem, não será assim tão linear. Afinal de contas, não estou assim tão só. Tenho-me a mim, à família e aos amigos.

Mas gostava de ser melhor pessoa. De dar por dar e não esperar nada em troca... E eu já recebo tanto!!!!
Mas sempre uma insatisfação que me queima o âmago e me fere a alma. Não consigo suprir este resfolegar de falta que um dia ousei libertar... Um amor que não vem e um sexo nunca feito!
Uma troca de olhares até ao íntimo e o antecipar atitudes levam-me às lágrimas de tanta falta que me fazem.

E volto a perguntar "Porquê?" esta necessidade. Digo para mim próprio, constantemente, que a vida não passa por aí. Mas passa, infelizmente passa...

Infelizmente porque insistes em desviar essas lagoas verdes dos meus horizontes púrpura. Porque os teus ecos e os teus pensamentos voam de mim para fora e não consigo fazer mover eses moínhos de emoções em ti encerradas.

Em ti não vi os braços abertos... Cego pela minha racionalidade. E nos meus lençóis jamais deixarás a brisa jovem do pinhal novo, queimado pela ausência e pela distância. Abres-te aos poucos e vou entrando devagarinho, pedindo licença ao ar que respiro, com medo de te querer demasiado.
Páro e recomeço, com a impetuosidade própria dum vulcão que explode sem direcção nem rumo... E as minhas lavas levarão tudo à sua passagem. O Bom e o Mau...
Restará apenas a tua memória, a tua imagem, o teu riso, aprisionados no interior de um diamante fabricado pelos turbilhões que em mim se levantam.
E trá-lo-ei pendurado ao pescoço, numa fina corrente de Amor e Saudade.

3 Comments:

Blogger Rosa said...

Bom, é a primeira vez que aqui venho e fiquei particamente sem palavras.
O que escreves é muito íntimo e, como ainda não nos "conhecemos", nem sequer um bocadinho, não me sinto à vontade para comentar o sentido das palavras. Mas o texto, como um todo, é belíssimo, e só uma "boa pessoa" pode ter o coração tão perto do teclado.

segunda-feira, agosto 22, 2005 12:27:00 da tarde  
Blogger Walter said...

Sabes martim qd te leio fico sempre com a impressao q te subestimas!Despe esse domino negro e caminha para e com akeles q te acompanham!Eu pelo menos ja acompanho a tua escrita!
um abraço
Walter

segunda-feira, agosto 22, 2005 3:44:00 da tarde  
Blogger rita said...

lindo texto. não tenho palavras. gostaria imenso de conseguir encontrar mais palavras para dizer como acho sábio o que escreveste, mas não as encontro.
beijo

segunda-feira, agosto 22, 2005 8:56:00 da tarde  

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